segunda-feira, 18 de março de 2013

30 anos..


Antes dos 30 anos as coisas são diferentes.Claro que há algumas datas significantes,mas fazer  7,14,18 ou 21 anos é subir montanha  acima,enquanto fazer 30 anos é chegar ao primeiro grande patamar de onde se pode mais agudamente descortinar.
Mas fazer 30 anos é mais que um rito de passagem,é um rito de iniciação,um ato realmente inaugural.Talvez haja quem faça 30 anos,outros 25,outros 18,e alguns,nunca..
Na verdade,fazer 30 anos não é para qualquer um.Fazer 30 anos é, de repente descobrir-se no tempo.Antes, vive-se no espaço,e viver no espaço é mais fácil e deslizante,é mais corporal e objetivo.
 Aos 30 já se aprendeu os limites da ilha, já se sabe de onde sopram os tufões e, como o náufrago que se salva, é hora de se autocartografar, já se sabe que o tempo em nós destila..
  Fazer 30 anos é como uma pedra que já não precisa exibir preciosidade, porque já não cabe em preços. É como a ave que canta, não para se denunciar, senão para amanhecer.
  Fazer 30 anos é passar da reta à curva, é passar da quantidade à qualidade, é passar do espaço ao tempo. É quando se operam maravilhas como a um cego em Jericó.
  Fazer 30 anos é mais do que chegar ao primeiro grande patamar, é mais que poder olhar pra trás,  chegar aos 30 é hora de se abismar. Por isto é necessário ter asas, e sobre o abismo voar.